segunda-feira, abril 30, 2007

Na Noruega - Arendal

Como prometido, aqui começo a relatar os meus dias passados na Noruega. Fui com um pequeno grupo de alunos de Rekarne e mais três professores. Éramos cerca de 26 pessoas enlatadas no autocarro. A viagem foi muito cansativa - demorámos cerca de 12 horas de Eskilstuna a Arendal com algumas paragens a meio. Primeiro contacto com o mar foi numa pequena cidade, chamada Larvik. Aí encontrámos um grupo de estudantes que celebravam o fim da escola secundária, vestidos de fato macaco vermelho, com anúncios e bandeiras estampados, e munidos de "espingardas" aquáticas. Foram logo atacar o grupo de alunos suecos. Uma das alunas foi a maior vítima. Esses alunos finalistas têm a designação de Russ. Mas sobre essa tradição falarei mais tarde..



uma rua em Larvik

Chegámos a Arendal e fomos imediatamente convidados pela professora Liv, que já tinha conhecido quando cheguei à Suécia. Ela ofereceu-nos um belo jantar - uma sopa de peixe fresco, que soube mesmo bem.

Depois, dirigimo-nos às "nossas casas". Fiquei eu e o professor Christer na casa da professora Hanna. Só a conheci no dia depois, pois teve o azar de perder o avião que vinha de Espanha. Recebeu-nos, no entanto, o marido, um arquitecto apaixonado por aguarelas e a gata que encheu o meu casaco cheio de pêlos. O sr arquitecto ficou muito contente por me conhecer, pois vai neste próximo mês a Portugal com a mulher.P erguntou-me logo por cidades e vilas a sul do meu país, para poder retratá-las nas suas aguarelas.


Depois de uma conversa breve, fui então para a cama e para o merecido descanso. Dormi no sotão, com vista para o mar. :)

O segundo dia foi dedicado a uma caminhada difícil e escorregadia, em direcção a uma belíssima queda de água, num local chamado Rjukanfossen. O percurso foi um tanto complicado, até porque sou um pouco medricas quanto a subidas, mas passo a passo e com bastante cuidado, consegui chegar ao topo. Claro que fui uma das últimas a chegar. É no que dá a falta de exercício! Mas valeu a pena. O rio que percorre aquela zona é ainda fresco e a sua água seguramente potável e saborosa. Pena a paisagem ter sido um pouco cinzenta e invernosa e pena o autocarro não nos ter ido buscar ao cimo. Tive que aguentar mais uma hora de descida, cheia de receios, pelo piso escorregadio. Mas tive sorte - só adequiri uma nódoa negra, e os pés molhados. Valeu a generosidade um professor de EF, dinamarquês, que me emprestou umas meias e uns sapatos sequinhos. ;)



O final do dia foi preenchido por uma pequena "soiré" de apresentações sobre a Suécia feita pelos alunos. Coube-me uma apresentação sobre Portugal com uma alteração súbita dos meus planos. Como vi que a grande maioria da audiência era de alunos, já fatigados e pouco interessados em longos discursos, decidi optar pelo plano B - o mega concurso sobre Portugal. As equipas foram apenas duas - Noruega e Suécia e ganhou a terra do bacalhau. Total surpresa minha, pois a grande maioria dos alunos suecos já tinham ouvido as perguntas, antes, na Suécia. Têm memória curta estes rapazes!

Terceiro dia - este dia foi um tanto aborrecido para mim. Os alunos noruegueses e suecos participaram num projecto, em pequenos grupos, em que tinham que fazer comparações entre a língua sueca e norueguesa. Enquanto isso, fui passear pela pequena cidade. Pena o nevoeiro ter sido ainda tão denso, dando uma cor ainda muito sombria e cinzenta.

A minha primeira visita foi à igreja. Restaurada há pouco tempo, a igreja tem no seu edifício, em baixo, algo muito curioso. Uma loja de "fast food". Sim, verdade! Tudo porque o seu restauro foi tão dispendioso que a igreja ficou dependente de qualquer ajuda financeira. Ah pois, meus irmãos... Em vez de se distribuir a hóstia durante a missa, distribuiem-se hambúrgueres e batatas fritas!! Nem mais! Pronto, exagerei... essa parte não é verdade...mas olha que seria uma boa ideia de marketing para as igrejas conseguirem mais ovelhinhas no seu rebanho...
O interior da igreja é bastante simples e tem a particularidade de ter um navio em miniatura pendurado no tecto. Esta característica é muito comum nas igrejas do sul da Noruega, como amuleto da sorte deixado por pescadores ou mulheres de marinheiros, para dar protecção contra a ameaça do mar bravio.





Depois, como a fome já apertava, fui ao centro comercial para comprar uma sandes e um sumo. Como as coisas por lá são muito mais caras (até os suecos se queixam) não fiz compras quase nenhumas na Noruega. Enquanto estava eu numa loja de roupa o alarme de repende soou. Não - eu não andava na roubalheira. Era um alarme, que soava em todo o centro comercial. As pessoas calmamente caminharam para a saída. Sem perceber muito o que se passava decidi seguir a multidão. Ouviu-se, depois, uma voz provavelmente a dizer que tinha sido falso alarme. As pessoas voltaram para dentro do centro reagindo com sorrisos e exclamações animadas. Eu começo a pensar que os alarmes me perseguem...





De tarde, fomos todos visitar um museu, onde se encontram os restos de um navio negreiro dinamarquês, encontrado na costa de Arendal. O museu conta a sua história. Primeiro fomos assistir um filme documentário, felizmente, em inglês sobre a história da escravatura e das condições desumanas em qie os escravos eram transportados. Vimos também o que ainda existe de escravatura nos nossos tempos e em que a maioria das vítimas são, principalmente, crianças.
Depois fizémos a visita ao museu em que uma guia explicou toda a história do seu navio. O diário de bordo, curiosamente foi salvo e bem preservado e conta-nos com precisão a vida árdua dos marinheiros e principalmente dos escravos. Infelizmente, não percebi o que a guia nos dizia e, por isso, entreti-me a ver a exposição e a ler a informação escrita em inglês.
Depois da visita ao museu, e como o tempo estava bastante agradável, fomos beber um chá num café,bastante alternativo, onde se podia ouvir jazz e se vendiam cds de música de todo o mundo, inclusivé o nosso fado. Claro que fiquei toda orgulhosa e como a empregada viu que eu era portuguesa colocou um cd da Maria João e Mário Laginha - Undercovers- e informou-me que iriam actuar em Arendal no próximo mês de Agosto. :)

Quarto dia- Finalmente, o dia tornou-se cheio de sol. Dia perfeito para um passeio de barco até uma ilha turística e idílica chamada Medøgaard. Passámos a manhã a tostar um pouco a pele (neste aspecto estou a tornar-me bastante escandinava, no que diz respeito à adoração ao sol! Como agora os entendo!). Primeiro démos uma volta à ilha e depois, os alunos participaram num jogo de futebol. Desta vez a vitória coube aos visitantes por 5-2. O jogo não foi muito renhido e o grande momento de emoção foi quando a bola foi encalhar num ramo de uma árvore. Foi a coragem de uma rapariga norueguesa, excelente trepadora que fez com que o jogo continuasse.



Onde está a bola?

mais fotos da ilha Merdøgaard:




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