terça-feira, fevereiro 27, 2007

O que eu vou perder em Portugal no dia 25 de Maio...

Enfim, estas decisões de ficar mais tempo na Suécia tem os seus sacrifícios. :(

Comunicado à nação

Tugueses e tuguesas, amigos, amigas, amigalhaços, dentro e fora do país, venho por este meio comunicar que graças à generosidade da Agência Nacional, a tuga_bel vai ficar mais uns tempos por Sverige, pelo menos, até ao final do ano lectivo. Ficam desde já as promessas, com este alargamento do mandato, de aprender mais sueco, de ensinar mais português, de cantar, mais vezes, nos coros e de contribuir para mais crónicas neste humilde blog. Tenho dito. :)

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Relatos do último fim-de-semana: Västerås, Surahammar


Este último fim-de-semana fui a um mini, mini encontro (éramos apenas 3) de assistentes de língua em Surahammar - localidade, no meio de nenhures, onde mora mais um assistente francês, Jan. Tive como animada companhia, o dono da casa, mais Svetlana, rapariga muito conversadora, que nasceu na Eslováquia, mas que veio para a Suécia também como representante da França. Quando digo que Surahammar fica no meio de nenhures é que fica mesmo no meio de nenhures. Tive que apanhar o combóio até Västerås, cidade que fica apenas a meia hora de distância de Eskilstuna. Até aí não houve problemas. Pior foi ter que esperar mais de 3 h pelo autocarro para ir então a nenhures. Afinal problemas de trasnportes, principalmente ao fim-de-semana, não é só em Portugal. Mas os meus colegas foram porreiros e decidiram fazer-me companhia em Västerås, onde decidimos fazer uma breve vistita à catedral, que era para ser em Eskilstuna, e andar pelas ruas da cidade.
A visita foi rápida, mas gostei muito dos vários edifícios, como o da Câmara e do parque com a particularidade de ter uma casa típica sueca, de madeira, bem no topo de uma árvore.

Os dois dias passados na "pousada" Surahammar foram bastante animados com tentativas gastronómicas que tiveram bons resultados : um bolo de chocolate em que tive a importante tarefa de copiar o texto da receita da Internet, em francês, para umas folhinas amarelas, que eram por sua vez coladas no armário para a receita ser seguida com precisão. Olhem bem para a técnica...






Domingo foi dia de caminhada na floresta de nenhures. A floresta estava repleta de neve branquinha e riachos congelados. Devo dizer que preciso de aperfeiçoar a técnica de andar na neve. escorregava várias vezes pelo caminho e espetei o pé bem no gelo fino que foi uma beleza. Felizmente tinha umas botas resistentes. Gostei da experiência de andar sobre o gelo do lago Mälaren (o mesmo que fica perto de Torshälla e Eskilstuna. Mas a caminhada de longas horas deixou-me mesmo de rastos.


Fui-me embora de Surahammar ao mesmo tempo que a "pousada" recebeu a visita de um outro assistente, vindo da Turquia - Mustafah. Logo na segunda-feira, recebi a visita de Mustafah e Svetlana à minha escola onde fiz de guia e mais tarde levei-os a visitar os pontos de interesse da cidade. Foram mais umas tantas horas de passeio a pé que me deixaram igualmente cansada para o resto da semana.

Estocolmo outra vez

Na 3a feira da semana passada, fui a Estocolmo de manhã para a conferência em que tive que falar publicamente (oh meu Deus!) e, de tarde, aproveitei para visitar a cidade velha de Estocolmo.

Tive que acordar às 5 horas da matina para poder apanhar o combóio das 6h40. Sem discurso preparado, murmurei as ideias improvisadas, pelo caminho invernoso e nevoso de casa até à estação. Tnato trabalho para nada. A conferência foi bastante interessante, tirando a parte de ter sido quase toda falada em sueco, e foi assistida pelas diversas individualidades ligadas à Educação, como o ministro sueco. Esteve também presente o senhor responsável pelos projectos da União Europeia, como Erasmus, Sócrates, Coménius, Grundvig - o sr Michel Richonner - o único que falou em inglês, com o sotaque muito afrancesado, apesar de ter vivido nos Estados Unidos durante muitos anos. E lá falou, com algum tom de humor e telemóvel a apitar durante o discurso, do futuro destes programas, que irão ser mais simplificados e menos burocráticos. Depois de um breve intervalo, lá disporam mesinhas no palco e bancos de bar, para os próximos convidados. Claro está que eu estava incluída entre aquele grupo de professores e estudantes Erasmus naquele palco, focado por câmeras e olhares atentos. Ao menos não era a única o que me fez sentir mais confiante. A jornalista presente foi fazendo perguntas a cada uma das pessoas até chegar a minha vez. Lá fez perguntas sobre o sistema educativo português, que diferenças encontrava na escola onde estou a trabalhar, se gosto do Inverno sueco, etc, etc... passou, foi, consegui falar, mas tive a sensação de que deveria ter falado mais da minha experiência, no ensino de português, mas não houve tempo. Enfim, passou e terminou com um almoço oferecido pela organização do evento. Como prenda ofereceram-me flores e um cheque de 250 coroas para gastar em livros.

De tarde fui então fazer-me de turista. O museu do palácio real fechava muito cedo - às 3 da tarde. Fui, então, ao mais antigo museu da Suécia que ficava no mesmo edifício do palácio - o Livrustkammaren. Este museu não é muito grande e é uma espécie de museu do traje e dos coches. Encontram-se fatos e vestidos da família real, ao longo dos últimos cinco séculos. Encontra-se também vestuário, incluindo o traje de fantasia que o rei Gustav III levava, quando foi assassinado em 1792, o uniforme e as botas enlameadas do rei Karl XII quando foi morto em batalha em 1718.
No piso superior havia encontram-se as várias carruagens e alguns trenós curiosos - outrora transportes favoritos da realeza no Inverno, pois eram muito mais rápidos que um coche para viajar na neve. Radical!

Depois da visita ainda encontrei-me com a Nathalie, onde ainda passeámos pelas ruas antigas de Estocolmo. Já tinha feito isso antes, mas não me canso de ver os edifícios antigos e coloridos, tão bem preservados. Pausa para café na zona mais moderna da cidade e depois regresso a casa. :)

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Gamla Uppsala

... mesmo assim... domingo foi um dia bastante interessante para passear. Dirigimo-nos, de imediato, para a paragem do autocarro não para fugir da cidade, mas para visitar Uppsala antiga, local de culto vicking há mais de 1500 anos. Localizado numa paisagem campestre, Gamla Uppsala resiste ao tempo e conta-nos uma história que remonta aos povos bárbaros. Alguns pequenos montes passam despercebidos ao turista ignorante da sua história. Depois de entrarmos no museu, aprendemos a sua importância, como símbolo de identidade e nacionalismo sueco, preservado e admirado durante séculos. No entanto, este nacionalismo teve os seus perigos, pois foi usado durante a 2a guerra mundial e após o conflito pelas facções de extrema direita na Suécia. O museu explica toda a história desses montes e desse local desde a sua criação até aos nossos dias.


Pois bem, o que tem de especial estas elevações? Não são moldadas pela natureza, mas sim pelo homem como elevações tumulares. Os três montes maiores e que foram explorados pelos arqueólogos pertencem a reis vickings importantes. Os corpos foram queimados e depois cobriram as cinzas primeiro com um monte de areia, depois barro e mais uma outra camada de terra. Os outros montes não foram abertos, por isso, não se sabe a quem pertence. Neste local, foi também encontrado o corpo de uma mulher dentro de um barco vicking e objectos pessoais.


Gamla Uppsala foi igualmente um local de culto e de sacrifício aos deuses - as vítimas eram tanto animais, como humanos. Todos podiam estar sujeitos ao sacrifício, até mesmo um rei, que em momento de crise, de fome e de más colheitas, sacrificou-se para salvar o povo da miséria. Olha se o Sócrates fizesse o mesmo...
Antes de chegar ao museu, fomos primeiro visitar a igreja, construída nos primórdios da cristandade na Suécia e foi outrora a catedral, despromovida, mais tarde, a igreja paroquial.

A igreja é grande e tem muitos vestígios desenhados nas suas paredes que me fizeram lembrar os frescos antigos de santos na igreja de Bravães, Ponte da Barca.

Achámos muito curioso um edifício estranho de madeira, bem ao lado da igreja. Terá sido uma réplica do período vicking? A união de culto pagão com o culto religioso? Perguntava eu em termos filosóficos e profundos. Acabei por perguntar ao recepcionista do museu que com um grande sorriso disse que era apenas uma torre com sinos. Em algumas igrejas antigas, como não tinham torre com sinos, foram construídas casas de madeira para o efeito. Ora bolas! E eu a pensar em algo mais profundo que isso!


E pronto. Assim terminou a nossa visita a Gamla Uppsala.

Ainda fomos a uma pizzaria almoçar e depois fomos para a estação (antes ainda nos desorientámos pelo caminho). É uma cidade com pontos de verdadeiro interesse. Adorei a catedral pela sua beleza simples, sem grande austeridade e gostei bastante da Gamla Uppsala com a sua história de mais de mil anos de heróis vickings.

Uppsala à noite

Depois de um merecido descanso já na pousada, onde pernoitámos, saímos para jantar e aproveitar a noite. Foi um pouco decepcionante pois primeiro, foi difícil encontrar um restaurante para as nossas bolsas. Encontrámos um restaurante chinês, de preços agradáveis e que servia comida japonesa. Depois de encher o estômago, tivémos a tarefa complicada de encontrar um bar aberto. Sim, sábado à noite numa cidade de estudantes! Tarefa mesmo complicada, pois as ruas pareciam desertas. Acabámos por beber um cházinho quente num café aberto até à meia noite. Antes disso tivémos um momento algo estranho, enquanto estávamos na nossa demanda. Avistámos primeiro um bar que parecia simpático. Quando estávamos entretidas na entrada a olhar para os preços ouvi uma mulher a falar muito alto. Estranhei um pouco, porque os suecos não são muito de fazer peixeirada. A minha companheira, não achou que houvesse alguém a discutir e no momento em que íamos entrar para o dito estabelecimento de ar simpático, a mulher que estava a falar alto caiu de costas para fora da porta e um homem segurava-lhe os braços. Não me parecia que estava a ser uma discussão muito amigável e desviámos o nosso destino para o outro lado da rua. Todo o ambiente da cidade à noite pareceu-nos bastante obscuro, quase sem ninguém. Uma surpresa infeliz, pois disseram-nos que a animação nocturna em Uppsala, com os estudantes, até que seria bastante animada. Pois... muito...tanto que ouvimos música de um clube nocturno, bem ao lado da pousada, uma tagarela de uma inglesa ao telefone no quarto ao lado que nunca mais se calava e para culminar bem a madrugada, um homem que de vez em quando berrava por uma "ANNEEE!!" que nunca mais aparecia, juntamente com o relâmpago de mobília aos pontapés. Ok... foi uma noite bastante sossegada, como podem ver...

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Uppsala: a catedral, a universidade e o castelo

A catedral de Uppsala


Tal como tinha planeado, fui num fim-de-semana a Uppsala, antiga sede do arcebispado e cidade com a universidade mais antiga da Suécia. Tive como simpática companhia, Nathalie - uma colega francesa, que trabalha numa escola em Södertalje a poucos kms de Estocolmo, através do mesmo programa Coménius. Nathalie é bisneta de sueco da parte do pai e filha de mãe espanhola - veio à Suécia um pouco para conhecer a terra dos seus antepassados.

O primeiro ponto de encontro para a viagem foi na estação de combóios em Estocolmo. Daí apanhámos o combóio que em poucos minutos - cerca de meia hora - nos levou a Uppsala. Esta cidade é a quarta maior do país com cerca de 180 000 habitantes. Achámos, no entanto a cidade um pouco vazia ao fim-de-semana.

Uppsala foi, em tempos, famosa pela formação de cientistas como Carl von Linné - um botânico e médico, que se tornou símbolo da cidade. Em todos os cantos da cidade, vemos vitrines com livros dedicados a este senhor. Este ano celebram-se os 300 anos do seu nascimento. Outro cientista famoso "criado" em Uppsala foi Anders Celsius.

A primeira visita que fizémos foi à catedral da cidade. A maior da Suécia. Este é um dos monumentos que domina Uppsala, com as suas duas enormes torres. Gostei imenso do seu interior. Apesar de ser um edifício imponente, com as abóbodas de estilo gótico, tem uma luz e uma beleza bastante simples, sem aquela decoração exagerada a que estamos habituados em ver nas nossas igrejas. Para "colorir" ainda mais o clima deste monumento, encontrámos um coro, de vozes afinadinhas a ensaiar. A acústica é muito boa.

um dos vitrais da catedral















Na catedral estão sepultados os reis Gustav Vasa, Johan III e, claro está, Carl Von Linné. Encontram-se igualmente os restos mortais de St Erik, o santo padroeiro da Suécia. túmulo do casal monárquico Vasa

Estando eu entretida a tirar fotografias, tive a preocupação de desviar a máquina para não "apanhar" uma senhora que estava para ali parada, pensando eu, à espera de alguém. A minha companheira francesa é que me chamou atenção e avisou-me de que aquela senhora não era uma visitante qualquer, mas sim uma estátua em cera. A obra de arte tem como título "Mary (the return)" de Anders Widoff e não é nada mais do que o "regresso" de Maria, mãe de Jesus, depois de uma longa ausência na catedral. O seu "desaparecimento" aconteceu, precisamente, em 1702 quando a cidade e a própria catedral, foram vítimas de um grande icêndio. A capela, onde a santa morava ficou parcialmente destruída. Depois, veio a Reforma que proibiu qualquer representação de Maria, em estátua.


Mary (the return)

Em 2005, surge, então esta figura estática, como uma visitante, de costas para o altar, olhando para o local que foi outrora "seu" e é agora a capela Vasa.


Depois da visita à catedral, decidimos passear pela cidade. Encontrámos o edifício antigo da universidade ou a Universiethuset, estilo neo-renascentista. Vimos também o Gustavian, que também faz parte da universidade e que se destaca pela sua abóboda invulgar. Este museu conta a história da universidade e foi local antes para o estudo de atonomia e autópsias assistidas pelos alunos de medicina. Infelizmente, não chegámos a entrar lá dentro, mas fomos visitar a biblioteca onde se encontra uma exposição sobre escrita, alguns objectos que pertencem a Linné, a bíblia de prata, do século VI, vários mapas antigos que representam a Suécia em tempos idos.

De muita caminhada que fizémos, uma coisa é certa: não confiar de todo em mapas dos guias que temos. Demos uma volta enorme à procura do castelo de Uppsala sem necessidade nenhuma, pois ficava no mesmo caminho que a catedral e a universidade, mas mais acima. E nós ceguinhas não reparámos no edifício consideravelmente grande e cor-de-rosa. A culpa foi do mapa, tá!!

Antes de irmos ao castelo, fomos comer qualquer coisa barata. Optámos por um café acolhedor, onde serviam saladas com massa de todo o tipo. Já refeitas e com as energias renovadas, fomos então subir uma rua inclinada que nos levou ao dito castelo, que abriga o museu de arte e é a actual residência do governador. O castelo foi construído primeiro como fortaleza, em 1549 e, após o grande icêndio de 1702, que destruiu parte da cidade, foi totalmente destruído, tendo sido restaurado mais tarde.

Não fomos tomar um chá com o governador, que não estava em casa, mas fomos visitar o museu. Atenção: se ainda pensam que na Suécia encontram museus gratuítos, tudo mudou agora com o novo governo. As entradas dos museus são agora pagas. :(

O museu é pequeno e a sua área divide-se entre arte mais clássica (séc XVIII) e arte moderna - com pinturas e cerâmicas.

Fora do castelo, podemos contemplar uma vista da cidade e do alto de um miradouro. Para lá chegar, foi uma tarefa algo complicada. Não pela subida em si, mas pela quantidade de gelo que havia no chão. Patinámos imenso, mas sem quedas ou ferimentos. Pela cidade era o mesmo, com locais bem propícios para quedas. Eu como já andava traumatizada e a minha amiga como andava com um problema no joelho, éramos duas turistas medrosas, a andar muito devagarinho com medo de cair. Ficámos admiradas como os suecos andam de ténis "all star" ou as suecas com sapatos de sato alto, sem preocupação e sem nenhum espalho.
ai ai ai ai

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

O inconveniente da neve...

É muito branquinha, muito bonita, não faz barulho ao cair, mas quando nós damos por ela, no caso da tuga despistada que sou, escoregamos no maldito terreno engelado, voamos literalmente e caímos com os costados no chão. Aconteceu-me ontem o acidente e não sei como não me parti toda. Estou toda dorida!!

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Ein??


Esta é a cara espantada da Tuga, de nariz vermelho e no meio de tanta neve. É o que se pode arranjar...

Olha para mim!!

Na semana em que tive em St: Eskil, tive a oportunidade de conhecer algumas professoras bastante simpáticas: Elsa, a professora de Francês e com quem tive o prazer de assistir uma aula (mais para voltar a aprender do que ajudar) e Karen, uma professora dos States que vive em Eskilstuna há mais de 16 anos.

Numa conversa bastante animada com as duas, enquanto almoçávamos na cantina, tivémos a falar sobre comportamentos diversos entre suecos, portugueses e outras nacionalidades. Riram-se imenso com a minha história de ter visto um homem bem vestido, de fato e gravata a comer despreocupado uma banana no combóio. Em Portugal isso não acontece, pois somos demasiados vaidosos. Depois a Karen referiu o sentido prático dos americanos que num casamento em Itália, ao ver uma escadaria enorme para subir até a igreja, decidiram descalçar os seus belos sapatos de cerimónia e colocar uns ténis. Enquanto isso, as convidados italianss subiam as escadas com esforço de salto alto.

Depois tivémos a verificar diferenças em cumprimentos. Os suecos entre amigos abraçam-se e entre estranhos, mesmo fora de formalidades, apertam a mão como sinal de conhecimento.

O mais curiosos foi o comentário de Elsa quando diz que na Suécia é de muita má educação, cruzar-se com alguém desconhecido, sem olhar directamente para a sua cara.
Eu bem que achava um pouco estranha essa mania de estranhos olharem para mim directamente e isso, na minha desconfiança de Tuga, lá pensava que tinha algum objecto não identificado na cara. O que pequenos comportamentos podem levar a más interpretações!!

Apenas um olhar entre estranhos, no ponto de vista de um sueco, quer apenas dizer "Olá! Eu não te conheço mas estou aqui!" e somos mal educados se desviarmos o olhar e ignorarmos a presença do desconhecido. Um comportamento interessante, principalmente por parte de um povo considerado frio e distante.

Em St: Eskil Gymnasiet - parte 2

Depois deste último lamento drástico, falemos, então, dos alunos.

A escola é maioritariamente ocupada por alunos do sexo feminino. Conseguia-se ouvir o murmúrio habitual das meninas, sempre muito faladoras.
Apesar da escola não ter tantos programas vocacionais como Rekarne, conheci algumas alunas, futuras cabeleireiras com muito jeito para a conversa e com uma curiosidade enorme sobre a minha vida pessoal (tique normal das cabeleireiras...). Havia também futuras tratadoras de cavalos, e, como já tinha referido, futuros agentes de turismo. Conheci alunos de artes e música. Uma parte dos alunos tinham ar rebelde, marcando a diferença com penteados que fazem lembrar a era "punk" dos anos 70, com cabelo arrebitado, cor-de-rosa, ou com muitos piercings. É assim mesmo!

Também fui visitar uma turma IB. Essa turma é de alunos que vão fazer exames em inglês a nível mundial e que podem ser corrigidos em qualquer parte do mundo. Quem participa nesse programa, tem que ter um nível de inglês excelente, capaz de conseguir analisar textos, de desenvolver um senso crítico bastante profundo, relativamente a artigos actuais ou a obras literárias. Muitas das obras que estão a ler, fizeram-me recordar tempos idos das aulas com a "generala" ( para quem não sabe quem é, foi a minha professora de literatura americana.) : "Catcher in the Rye"; "The Great Gasby"...

Os alunos IB são, na sua grande maioria filhos de pais estrangeiros, apesar do programa ser aberto a todos os alunos, desde que o seu nível de inglês seja avançado. Também podem participar alunos estrangeiros que estudam. neste caso em ST: Eskil, por um ano.

Se for a comparar estes alunos com os de Rekarne, estes são mais curiosos e mais interessados. Assim foi a perspectiva que tive quando os conheci em várias turmas. Depois do grande sucesso com o concurso que fiz com eles sobre Portugal, eles colocaram-me muitas questões sobre o meu país, e sobre o modo de vida dos adolescentes. Perguntaram-me também sobre o que eu pensava da Suécia e do povo sueco.

Depois tive uma daquelas surpresas em encontrar em cada turma, caras conhecidas que só tinha visto uma vez. "I´m sorry"- disse-me um aluno "But I think that you are from my choir..." ; ou ainda uma rapariga loira, cuja cara também não me era estranha vira-se para mim e diz "Where have you been?? You haven´t appeared in the choir anymore" e eu de sorriso de culpada por tal "pecado" lá respondia: "pois, tive em Portugal nas férias do Natal, e depois fiquei doente...desculpa..." (a partir dessa altura tenho ido sempre aos ensaios...um adolescente não perdoa!" Encontrei, pois uma grande parte dos membros do coro mais novo.