quarta-feira, setembro 27, 2006

..27 dias...

Ok. Isto de andar a fazer contagem decrescente dá cabo dos nervos a qualquer um. Mas tenho que pensar que a grande viagem vai acontecer em breve. Até porque tenho que tratar de tudo e já começar a fazer a lista de coisas a levar e que ainda preciso de comprar. Sou péssima a fazer as malas... não tenho qualquer sentido prático e já estou mesmo a ver que vai haver excesso de peso a ser cobrado no aeroporto. Por isso vou ter que riscar na lista cobertores e casacos pesados. Também comprei uma banheira a 4 rodas, espero mesmo que caiba lá tudo, para não ter que levar mais uma mala de reforço.

Durante estes dias até ando com a cabeça bastante ocupada com cantorias coralistas ( a minha segunda ocupação), e não tenho tido tempo de tratar dessas coisas. Até deveria começar a pensar mais no trabalho que vou fazer, mas não posso fazer planos de aulas sem conhecer o número de alunos, as suas idades, e o conhecimento que têm da língua. Acho mesmo que o trabalho vai ter que ser pensado lá, no local. Nem sei se vou ter alguma turma de português. Até agora só tenho duas pessoas interessadas. Tenho que, por isso pensar em estratégias de marketing para ter mais alunos...como vou fazer isso? Só espero que os materiais que levo não serem em vão...

Bom, puxar pela imaginação é algo que desde pequena não me foi difícil - criava sempre muitas histórias, com muito bom humor que eram depois lidas em voz alta pela minha saudosa professora primária. Algo surgirá nesta minha mente borbulhante...

segunda-feira, setembro 25, 2006

Faltam 29 dias...

...29 dias... já tenho quase tudo tratado no que diz respeiro a burocracias... agora é só mesmo esperar, começar a fazer a lista do que levar (ou será um pouco cedo demais?) e ocupar-me durante estes 29 dias, a fazer as despedidas da praxe com os amigos e familiares.
Não tenho mais nada a declarar, apenas digo que faltam 29 dias...está quase...

quinta-feira, setembro 21, 2006

O meu primeiro contacto com a Suécia

A escola onde irei trabalhar chama-se Rekarnegymnasiet (como é que vou fazer a associação de palavras para decorar este nome?) :S (re-carne-ginásio lol)
A escola é secundária, com cursos gerais e vocacionais. Tem cerca de 160 pessoas a trabalhar (professores e funcionários) e à volta de 1440 alunos. Os alunos têm entre os 16 e os 19 anos.
Aqui está o link. Não dá para perceber o que está lá escrito, mas tem a imagem da escola.
A professora responsável por mim, chama-se Essie Lindberg e tem sido excepcional em ajudar-me em tudo e mais alguma coisa. Ao menos nisso tenho sorte. Os nossos contactos têm sido através de telefone e por e-mail. O primeiro contacto até foi algo cómico, pois não estava em casa e a sra decidiu telefonar. A minha mãe, que nem sabia falar inglês, muito atrapalhada tentava falar mais alto para ver se a sra percebia. Como se desse num grande resultado na comunicação internacional...Claro que no outro lado da linha ouvia-se uma voz também igualmente atrabalhada, mas lá conseguiu perceber que eu não estava em casa.
Recebi o telefonema desesperado da minha mãe, num dia de calor, estando eu de barriga farta à saída do Museu do Pão - acho que nunca comi tanto e tão bem num restaurante. Fica em Ceia e recomendo vivamente. A minha mãe, senhora minhota e bastante nervosa, lá dizia entre os "ai meu Deus" e "Nossa Senhora", "a senhora não percebeu nada o que disse" , que tinha me tentado telefonar, ficando combinado em dar-me o número de telefone da casa da sra, pois não o tinha comigo.
De repente o meu telemóvel toca e era exactamente a sra Lindberg, de voz muito simpática e sorridente. Eu, pedindo imensas desculpas pelo sucedido e a sra a rir-se com o que aconteceu.
Enfim, este foi então o meu primeiro contacto com a escola e a minha futura mentora.
Já tenho tudo preparado no que diz repeito a casa: vou estar num apartamento com mobília em segunda mão, emprestada pela escola, e imagine-se, vão oferecer-me uma TV (deste luxo não estava eu à espera).
Na escola, os professores de inglês mostrara-se interessados pelos meus serviços de assistente.
A minha maior preocupação relaciona-se mais com o Curso de Português. Ao que parece, entre os alunos tem havido pouco interesse e não se sabe se vai haver em número suficiente ou não. Mesmo assim ando a recolher materiais. Comprei um livro de gramática com exercícios e um de vocabulário. E ando a fazer colecção de postais, fotografias, música e até partituras de coro, com músicas tradicionais portuguesas. Tive uma reacção positiva em relação a estas últimas, por parte da minha "mentora", pois já disse que falaria com o professor de música da escola.
Da parte da escola e especialmente da Sra Lindberg só tenho uma imagem bastante positiva e de grande generosidade. Só me dá mais vontade de ir para Eskilstuna, o mais rápido possível. :)

segunda-feira, setembro 18, 2006

esquilo + tuna = ESKILSTUNA

A primeira vez que li este nome quando recebi a carta com a informação sobre a escola, pensei:"OK vou para um local cujo nome nem saberei pronunciar e irá ser difícil de memorizar!" E o que se faz quando isso acontece? Utilizamos formas de conhecimento sobre a nossa língua ou outra em que estejamos mais à vontade para poder fazer uma associação próxima do nome que queremos memorizar. Então vejam lá se não está mais ou menos próximo. "ESKIL" fez-me lembrar da palavra "esquilo" e "TUNA" - aquele grupo musical que existe em todas as Universidades do país, cujos membros andam sempre na borga e tocar pandeireta e aos pulos, ou então o nome em inglês do meu peixe enlatado favorito: Atum.

Vou deixar de comentar sobre este meu brilharete pessoal e algo ridículo para passar à localização geográfica . Sei que Eskilstuna fica exactamente a 100 km de Estocolmo. Não vou ficar muito longe da capital, até porque os comboios de lá são muito rápidos e em uma hora estou lá.
Aqui apresento o mapa:



Se procurarem Estocolmo vêem Eskilstuna logo a seguir, um pouco mais abaixo do lado esquerdo.

Um das primeiras coisas que comprei, mal soube que ia para a Suécia foi um guia sobre o país. E lá descobri mais informação sobre a vila: Conta a história que o nome da vila deve-se ao santo Eskil ( e eu a pensar que esquilos andavam envolvidos no nome), que foi o primeiro bispo cristão.

A vila, séculos mais tarde, prosperou com a produção de canhões, facas, tesouras. Ainda se conservam algumas forjas antigas desde 1650. Actualmente, apara além de uma vila industrial e centro de ensino, tem também bastantes pontos de interesse cultural: é a "capital" do Jazz, tem aliás uma escola de música; tem mais de 200 obras de arte públicas incluindo a Mão de Deus de Carl Milles no Stadsparken; um zoo, um dos mais importantes da Suécia e um parque de diversões.

Bem, penso que irei viver numa vila bastante interessante e animada. :)

Sócrates-Comenius? O que é isso?

Essa foi mais ou menos a minha reacção quando ouvi pela primeira vez falar sobre este programa, financiado pela União Europeia. Sócrates? Alguma coisa relacionada com o nosso primeiro-ministro? (de vez em quando tenho ataques de ignorância, mas depois recupero rapidamente)
Esse tipo de informação ouvi-a por acaso numa conversa com uma amiga que conheceu outra amiga, italiana, que tinha ido para a Noruega à conta desse projecto. Procurei na net e lá encontrei o site (encontra-se na minha lista de links) sobre o programa Sócrates-Comenius e encontrei algo que realmente pensei - ora é isso mesmo que me convinha: Comenius 2.2 B - Contrato de Assistentes de Língua. Ora bem, muito resumidamente, o objectivo deste contrato é o de proporcionar um intercâmbio de línguas entre os países da União Europeia. Os professores recém-formados, acabadinhos de sair do estágio ou que desde aí não encontraram emprego, vão, através desta bolsa, trabalhar como assistentes das línguas a que estão formados. Como sou professora de Português e Inglês, vou dar assistência e ajuda a professores da língua Inglesa. Mas não só. O objectivo é também o de divulgar a língua e a cultura do meu país e ao mesmo tempo o de aprender algo sobre a língua e a cultura do país de acolhimento.
Este projecto dá prioridade a candidatos que escolham países cuja língua não é muito divulgada. Daí eu ter escolhido um país cuja língua desconheço totalmente. Vai ser uma aventura!

As minhas ideias e as minhas estratégias estão ainda algo confusas, pois não faço a mínima ideia como este trabalho vai ser na prática. Divulgar a língua e a cultura do meu país? De que forma?

domingo, setembro 17, 2006

Tcharam!

Pois é, cá estou, sem muito bem saber ao certo para o quê. Tive um ataque bloguista, como forma de poder relatar a minha viagem para terras nórdicas.Primeiro apresento-me: Olá! Chamo-me Isabel, fui nascida e criada neste belo jardim à beira mar plantado, que se chama Portugal. Sou tuga dos pés à cabeça e tenho algum orgulho, apesar de viver neste jardim com algumas ervas daninhas que provocam urticária.

Ora bem, sou uma daquelas professoras que fazem parte das estatísticas dos não-colocados. Há os alcoólicos anónimos, os viciados em drogas, eu pertenço ao grupo dos não colocados. É um rótulo difícil de ser tirado. Tenho andado, durante muito tempo, com problemas de identidade, próprias de um não colocado. Afinal quem sou eu? Só não chego a perguntar o que faço aqui, pois isso significaria estar colocada em algum sítio. Enfim, estou numa situação profissional que nem serve para filosofias sobre a existência do meu próprio ser.

E pronto. Durante este tempo andei na inércia, sem saber o que fazer à minha vida. Até que....(Antes de ir para depois do até que...primeiro tenho que explicar que tive sempre um sonho. O de poder sair deste jardim pequeno e experimentar, nem que fosse só uns meses, viver num país estrangeiro, que não fosse só jardim, mas que tivesse montanhas, florestas, cidades ordenadas e com bom aspecto, um sistema de ensino eficaz e famoso, com turmas pequenas, que desse a um professor o ímpeto de exclamar: "Caramba, isto até dá gosto ensinar!". Muitas vezes esforcei-me em mandar papéis, pedir cartas de recomendação para me inscrever para isto e para aquilo. Sem sucesso. O meu eguinho andava um tanto pequeno e murcho. Até que....Sim é agora o depois do até que......inscrevi-me num programa da União Europeia, só mesmo naquela, como quem pensa - sim-eu-não-colocada-devo-estar-cá-com-uma-sorte-mas-pronto-quem-não-arrisca-não-petisca-lá-vou-gastar-dinheiro-em-selos-e-envelopes-para-ser-enviado-no-correio-azul....(que raio de pensamento longo)...e meses depois soube que tinha sido seleccionada. Na muita pouca fé, pensei: sim-pois-isto-deve-ser-ainda-um-processo-de-selecção-devo-estar-cá-com-uma-febre. No dia em que recebi a notícia, o me eguinho tornou-se num forte e inchado sr EGO, completamente desorientado com a notícia: Vou para a Suécia! Bolas, que pontaria! (esta da pontaria tem o seu quê de irónico, por questões pessoais, que não são para aqui chamadas)


Bom, agora faltam 37 dias...mais coisa, menos coisa e ando numa ansiedade frenética a contar os minutos, os dias que faltam para finalmente ir para o país que tive sempre a curiosidade em conhecer. Tive sempre um certo fascínio em conhecer os países escandinavos. Não me perguntem porquê. Talvez o meu lado romântico imagine, locais encantados, com elfos e fadas cintilantes, a viverem em florestas mágicas e lagos encantados. Já estou a pensar em criaturas que não existem... e sim, sejamos realistas, o sistema de ensino destes países, não é certamente a anedota que existe no nosso país.

Pronto, penso que esta breve apresentação chega para começar este blog. Sou um bocado má em começar uma coisa e continuá-la. Mas espero poder aqui relatar os melhores momentos desta minha nova experiência, várias vezes. Sou uma novata neste tipo de coisas. É a primeira vez que vou ficar durante tanto tempo num país estrangeiro (6 meses), de língua estranha aos meus ouvidos. Novidades surgirão certamente todos os dias.