terça-feira, abril 10, 2007

Reflexões pessoais sobre a minha experiência em Rekarne: Sobre avaliação

Só falo de passeios, mas pouco tenho falado sobre o meu trabalho na escola. Primeiro as aulas de Português. Com algumas desistências a meio, tenho, neste momento, quatro alunas no primeiro nível e dois alunos, no segundo nível. Um professor, ocasionalmente, aparece nas minhas aulas, para poder ouvir um pouco a língua, pois nasceu e passou a sua infância no Brasil.
Não são muitos alunos, mas são bons e é bom trabalhar com um grupo pequeno. Apenas tenho tido algumas dúvidas em relação a duas alunas, que não são muito aplicadas, mas após uma conversa séria com elas, irei ver, então, se conseguem ser um pouco mais trabalhadoras. É essa umas das diferenças que eu encontro na avaliação feita aos alunos nas escolas na Suécia. A meio do percurso, os alunos falam com os professores sobre a sua avaliação, os pontos fracos e fortes durante o seu percurso na disciplina. E isso é feito de uma forma individual e confidencial, onde se estreitam mais as relações entre os alunos e o professor de cada disciplina. Não existem as chamadas reuniões finais de avaliação com todos os professores de uma turma, em que se decide a nota final do período sem o aluno ter uma voz activa. Nas escolas, em Portugal, apenas o director de turma serve de intermediário entre professores e alunos e pais. Na Suécia, ou pelo menos nesta escola, existem os chamados mentores que têm reuniões com os pais e alunos, individualmente e, não colectivamente e que, claro, se responsabilizam pelo aluno, em relação ao seu comportamento e trabalho nas aulas.


Os meus colegas suecos, ficaram chocados quando lhes disse que a avaliação final dos alunos era, depois de cada período, afixada na escola publicamente. Então, e se um aluno tem más notas? Certamente não gostaria que fossem exibidas e vistas por todos os outros colegas da escola. É algo que deve ser informado pelo professor ao aluno confidencialmente.
Apenas existem reuniões de avaliação entre professores, quando os casos são mais graves, em que o aluno corre o risco de chumbar.

Concordo com este tipo de avaliação, pois é mais justa e democrática, evitando, por vezes, males entendidos entre aluno e professores, na discussão de notas. Ajuda também a estreitar relações entre alunos e professores, sem servir os “mentores” como intermediários exclusivos em todas as discussões.
Para além disso, este sistema sempre pode ajudar os alunos a serem um pouco mais responsáveis, pois passam a ser obrigados a tomar mais consciência em relação ao seu próprio trabalho e avaliação.

1 comentário:

Anónimo disse...

colocaria o ênfase na palavra "responsabilidade". Educar e criar pessoas responsáveis pelos seus actos e consequências, com voz activa, e não passivos, no seu percurso como pessoa. assim se criam cidadãos mais empenhados e mais responsáveis. cidadãos, mesmo.