terça-feira, abril 10, 2007

II. Diferenças entre um professor na Suécia e em Portugal

Como já disse uma vez, existem algumas diferenças entre algumas escolas. Rekarne é uma escola especial, pois tem recebido mais dinheiro do que as outras escolas na comunidade de Eskistuna. Por isso, é uma escola completamente equipada, com quase o mesmo número de computadores para cada aluno. Em geral os professores são contratados pelas escolas, e os professores têm ordenados diferentes, não em relação ao seu número de anos como professor, mas em relação ao seu trabalho. Esta talvez seja a única queixa que fazem, pois não existe uma efectiva fiscalização do trabalho de um professor para depois ser analisado, e ser atribuído um justo valor em relação ao seu trabalho. Para além disso, encontram-se situações em que um professor recentemente formado, pode ganhar mais que um professor que está há mais anos a trabalhar. Algo que me espantou. Considero que este sistema de ordenados em Portugal levaria a que muitos professores andassem literalmente a conspirar e a arranjar conflitos entre eles, que seria uma beleza.
Os professores que ganham mais são aqueles que vão para escolas nas zonas mais complicadas, em termos sociais no país (Södertalje – perto de Estocolmo é uma delas)

Tirando estes aspectos, aqui está o que eu considero de diferente entre a vida normal de um professor na Suécia e em Portugal.

Um professor Sueco em Rekarne:

1. É contratado directamente pela escola

2. Tem um computador pessoal e gabinete para fazer o seu trabalho.

3. Como já tem tudo feito na escola não precisa de fazer mais nada em casa, a não ser ver televisão e tratar de assuntos domésticos e da escola, pode levar, ocasionalmente, testes para corrigir.

4. Tem a liberdade toda de imprimir e tirar fotocópias.

5. Não se chateia com os alunos, mesmo quando estes não trabalham. Cabe ao aluno ser responsável por aquilo que faz. Se não trabalha, já verá que avaliação vai ter. Por isso, não adianta estar aos berros e e exercer autoridade. O aluno tem a total liberdade de sair da sala para ir à casa de banho sem pedir autorização, de sair do seu lugar, de ouvir música enquanto trabalha, de se sentar em cima da mesa ou de se sentar na cadeira de qualquer maneira, e nas mais varidas posições. Mas isso também se relaciona com a forma como os suecos resolvem os problemas com os outros, evitando-os.

6. É chamado pelo aluno, pelo nome, e não pela designação de professor. A relação entre professor e aluno é mais informal, e o professor é visto como alguém que orienta e não como uma figura autoritária.

7. Raramente o professor é expositivo, apenas coordena as actividades: actividades essas que podem ser efectuadas fora da sala de aula, seguindo um determinado tema de trabalho. Se há um livro para ler, há professores que preferem que o aluno o leia em tempo de aula, fazendo posteriormente exercícios e debates, em grupos pequenos, em relação aos capítulos que leram.

7. O professor tem mais liberdade de escolha e flexibilidade para o planeamento das suas aulas. Preocupa-se mais com o desenvolvimento dos conhecimentos dos alunos e não tanto com o cumprimento de todo o curríulo proposto.

8. Como os livros escolares são gratuítos, o professor tem mais liberdade em escolher materiais para as suas aulas.

9.Cada programa da escola recebe quantias enormes de dinheiro, em que os professores podem se dar ao luxo de fazer “conferêcias” ou “reuniões” en navios da Vicking Lines.

10. É um professor feliz, que tem o seu trabalho normal, numa escola de futuro.

Professor Tuga em qualquer escola do país

1 Tem que passar pelos concursos nacionais para poder ser colocado numa escola pública.

2. Já que é obrigado a trabalhar na escola tem que comprar um portátil para fazer alguma coisa. E é se quer! A escola não paga esses luxos.

3. Vai ainda para casa , planear aulas e fazer testes.

4. Tem que fazer um requerimento especial à sra funcionária uns dias antes das aulas, Ou seja, tem que planear tudo com antecedência, não vá o diabo tecê-las. Em caso de urgência pede de joelhos à sra funcionária e em troca do favor oferece sempre uma lembrança no Natal ou noutras festividades.

5. Passa a maior parte da aula a mandar calar os alunos e a mandar trabalhar. Os alunos ficam ”retidos” na sala de aula, sentados direitinhos, como manda a lei.

6. Existe uma relação de distanciamento entre alunos e professores. Os alunos chamam o professor de “stôr” ou “stôra”. Por vezes não sabem o nome do professor e quando é mencionado é por “stôr da disciplina tal”


7. O professor é, na maioria das vezes, expositivo em que explica a matéria no quadro. O aluno tem um papel pouco activo, a não ser quando tem de efectuar exercícios.

8. O professor sente-se pressionando pelo Programa Nacional e preocupa-se mais em cumprir esse programa, esquecendo, por vezes, as necessidades dos alunos


9. Como qualquer bom pai português tem de dispensar da sua bolsa largos millhares de euros na compra de livros e material escolar, o professor sente-se obrigado em seguir o manual, usando, poucas vezes, materiais originais. Não vá o pai do aluno queixar-se por que não usa mais vezes o manual.

10. Passam horas encarcerados, no final de cada período, para decidir as notas dos alunos. Normalmente é a altura de fazer comentários sarcásticos aos alunos que menos gostam e gozar com o mais totó.

11. É um professor infeliz, onde trabalha numa escola com grandes problemas e quase a cair aos bocados, com trabalho em excesso, com futuros problemas de saúde, e a contar desesperadamente os anos que faltam para a reforma.

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